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Foto do escritorCamilo Lélis

A Moda que Chega com as Olimpíadas de Paris



Foto Divulgação COB

Criar, desenhar, costurar, bordar e vestir pessoas e até mesmo animais requer arte, estilo, bom gosto, ciência e muita observação. Dizem que o "belo" deve estar presente nessas confecções. Dizem.


Faculdade de Moda nas universidades é uma realidade abraçada por muitos jovens no Brasil. O mercado, para o profissional bem-sucedido, pode render milhões.


E o que dizer da lojinha de roupas na sua cidade? Não podem faltar novidades para os clientes, muitas vezes exigentes.


Claro que, quando se fala em alta-costura, desfiles em Milão, tendências da Fashion Week, há gigantescas distâncias entre o que se tem lá e o básico oferecido pelas grandes atacadistas e varejistas do ramo.


Até porque muita coisa que é exibida nas passarelas não vai sair para habitar ruas e praças. É tanta sofisticação e "piração na batatinha" que torna-se necessário criar eventos que abracem tais modelitos.


A Festa do Oscar, por exemplo, sempre cabe algo, digamos, "extravagante". É a indústria da moda gerando empregos e movimentando o mercado em diversos países do mundo.


Bom, puxei esse gancho nesta matéria porque, nos últimos dias, um dos assuntos mais falados nas mídias foi as vestimentas criadas para o desfile dos atletas em Paris, na abertura das Olimpíadas de 2024 (foto acima).


Deu "pano pra manga" as tais peças criadas. Saia abaixo do joelho, calça para os rapazes, jaqueta jeans (provavelmente inspirada nos Estados Unidos), blusinha básica e chinelinho nos moldes havaianas.


Um bordado manual, executado por bordadeiras de Timbaúba dos Batistas, no interior do Rio Grande do Norte, que ilustra a fauna e flora brasileira, dá o tom artístico dos trajes, se assim posso dizer.


Mas o detalhe não foi o bastante para que as peças fossem categoricamente criticadas por especialistas como Ronaldo Fraga (mineiro, um dos grandes nomes da moda no Brasil e com reconhecimento internacional), que não hesitou em publicar: "Será que foi o estilista da Damares que criou?", talvez se referindo ao perfil conservador traduzido pelas vestimentas no corpo dos atletas.


Sim, um assunto bobo para quem não se liga nessas coisas, que requerem doses cavalares de vaidade e poder aquisitivo. Mas a fábrica de vender notícias e criar conteúdo não para. E consumidores, temos para tudo e todos os gostos.


Para muitos, estar de banho tomado, com roupinha limpa e perfumada, já está de bom tamanho. Mas, como diz minha mãe: "Aquilo que é de gosto, regala as vistas."


Se o Brasil poderia ou não estar mais bem vestido nesse evento, isso realmente não me causa preocupação. Quero é ver a vitória e as medalhas dos nossos bravos guerreiros e guerreiras. Obviamente, penso em representatividade, simbolismo e no tempo atual que atravessa o Brasil e a humanidade como um todo. Então, minha opinião é que perdemos a oportunidade de mostrar nossos talentos. Afinal, há um desfile em voga, certo?


Pesquisando um pouco mais sobre o assunto, chegamos à Riachuelo, empresa parcialmente responsável pela criação das peças. E aí se percebe que a confecção dita "conservadora" vem de uma empresa cujo proprietário é simpatizante da extrema-direita. Logo, a mercadoria já vem com um recorte, uma assinatura bem acentuada, indicando que o corpo deve estar bem tapado. Afinal, a tradicional "Família Brasileira" insiste no "bela, recatada e do lar", ainda que seus filhos e netos almejem e vivam um mundo totalmente diverso e diferente desse julgamento.


Boa sorte, Brasil! Mantenha os olhos bem abertos.


Sigam refletindo, eu sigo divagando.


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