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Foto do escritorAlisson Diego

Carta Aberta às Cidadãs e Cidadãos Itaguarenses



O jipe Dadá - Alisson Diego - Acervo pessoal

Cidadãs e cidadãos de Itaguara,


"Quando a pessoa não pode mais fazer nada, ela se torna uma voz. E essa voz pode mudar o mundo." — Dom Helder Câmara


Permitam-me usar este espaço, faltando apenas um dia para as eleições, para compartilhar uma carta de coração aberto, cheia de amor por nossa cidade e nossa gente. Amanhã, temos a chance de moldar o futuro de Itaguara com nossas escolhas. Neste domingo, todos nós estaremos diante de escolhas importantes, e gostaria de conversar com vocês sobre o que esse momento significa para mim — e acredito, para todos nós.


Itaguara não é apenas o lugar onde construí minha trajetória política e pessoal. É uma terra que carrego na alma, uma parte fundamental de minha identidade. Há exatamente 20 anos, vocês confiaram em mim para ser o vereador mais jovem e mais votado da nossa cidade (eleito com 520 votos naquele inesquecível pleito de 2004), e, em seguida, fui honrado ao me tornar um dos prefeitos mais jovens do Brasil. Na época, contei com o apoio fundamental do saudoso ex-prefeito Rui Alberto Lara, um homem que fez muito por Itaguara e com quem aprendi lições valiosas. Embora Rui tenha falecido há alguns anos, seus ensinamentos permanecem vivos em mim e na nossa cidade. Ele nos ensinou que a gestão pública não pode ser personalista — ela precisa ser para todos. Ele nunca se preocupou em colocar seu nome em placas ou em buscar reconhecimento por cada obra ou inauguração. Sua maior preocupação sempre foi o coletivo, e é essa visão que levo comigo até hoje.


Atualmente, trabalho como professor universitário, além de ser secretário de Fazenda de uma das cidades mais significativas de Minas Gerais, Nova Lima; no entanto, o fato é que nunca esqueci minhas raízes. Itaguara é a minha cidade natal, minha raiz, minha família — e é a minha gente itaguarense que me inspira diariamente em toda a minha existência. Itaguara me formou, moldou minha visão de mundo e minha maneira de lidar com a gestão pública, sempre com um olhar voltado para o coletivo e para o bem comum. Meu berço, minha base, sempre foi e sempre será Itaguara.


Durante os dois mandatos como prefeito (2009-2016), tivemos a oportunidade de realizar grandes transformações que marcaram a história de nossa cidade. Mesmo após deixar o cargo, minha conexão com Itaguara nunca se desfez; ela segue viva em mim. Nos finais de semana, volto sempre ao volante do meu Jeep Ford Willys 1971, o Dadá (uma homenagem ao atacante atleticano ícone da vitória alvinegra no primeiro campeonato nacional). Este jeep, símbolo da minha ligação com a nossa terra, tem uma história inspiradora: comprei-o do amigo Sílvio Luís há mais de 15 anos; antes, ele havia pertencido ao saudoso senhor Antônio do Wilson, um típico itaguarense. Para mim, esse jeep é muito mais do que um simples veículo antigo; ele é uma lembrança constante das histórias que construímos juntos em Itaguara e do caminho que ainda percorremos pelas veredas itaguarenses. É parte do meu olhar peculiar para a nossa comunidade.


Sempre que estou conduzindo o Dadá pelas serras de Itaguara, observando o céu, os mirantes, passeando pelas estradas rurais, encontrando amigos e contemplando a natureza, sinto que também estou prestando um tributo à Itaguara do passado. Itaguara não é apenas sobre nós, do presente. Ela é também, e sobretudo, sobre as gerações que vieram antes de nós, sobre os trabalhadores e trabalhadoras, agricultores, empresários, educadores, caminhoneiros, homens e mulheres que ergueram nossa cidade com suor e dedicação. Todos nós passaremos, e a vaidade não é uma boa companheira; a gratidão, o reconhecimento, a humildade e o respeito, sim, são pilares virtuosos que devemos erigir em nossas vidas — isso vale muito num contexto eleitoral. A política torna os homens vaidosos, mas o tempo sempre nos demonstra que somos passageiros, e a virtude consiste em construir legados sem personalizar a política.


Assim, voltando ao Dadá, ele representa essa memória afetiva, essa saudade diária de tempos que, embora não vividos por mim, foram fundamentais para que estivéssemos onde estamos hoje. Lembro-me sempre do meu bisavô, João Batista da Silveira, que também tinha um Jeep e que amava Itaguara. Vovô João representa muito da força que constitui o itaguarense: a luta, o trabalho incansável, a fé, a dedicação à família e à comunidade. Essa ligação com o passado é parte da minha identidade; esse amor por Itaguara me foi repassado por gerações familiares, e Dadá é uma espécie de símbolo e fio condutor dessa memória.


Agora, temos diante de nós a chance de fazer novamente escolhas, de honrar nosso passado e de construir o futuro que desejamos. Como bem disse Élio Gasda, em artigo recente sobre as eleições, escrito no portal da FAJE - Faculdade dos Jesuítas: “A questão não é em quem se vota. Mas em quê se vota e por quê.” Estamos falando de valores e princípios que queremos ver presentes em nossa cidade. Itaguara, agora mais do que nunca, tem uma grande oportunidade à frente. Com o aumento do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que passou de 0,8 para 1,0 recentemente, a cidade viu sua arrecadação crescer consideravelmente — muito acima da inflação. A Prefeitura de Itaguara possui hoje o maior orçamento de sua história e crescerá ainda mais nos próximos anos com a reforma tributária recentemente aprovada pelo Congresso Nacional. Este é um momento mais do que propício para investir em mais desenvolvimento, infraestrutura, políticas públicas emancipadoras e traduzir a ação política em qualidade de vida para a nossa população, gerando oportunidades e dignificando a vida.


É fundamental reconhecer o papel central que os municípios exercem no federalismo brasileiro. A Constituição Federal, em seu artigo 1º, define os municípios como entes federativos autônomos, dotados de competências próprias essenciais para a gestão de questões locais. Os artigos 29 e 30 ressaltam que os municípios possuem a prerrogativa de legislar sobre assuntos de interesse local e de implementar políticas públicas que afetam diretamente a vida de cada cidadão. Nesse contexto, a atuação do prefeito e dos vereadores se torna indispensável: enquanto o prefeito é responsável por assegurar a implementação eficaz das políticas públicas, os vereadores têm a função de legislar e fiscalizar, atuando como a voz da comunidade e garantindo que as demandas locais sejam atendidas.


Especificamente sobre os vereadores, é fundamental refletir sobre a importância da escolha desses representantes. Muitas vezes, esse papel é subestimado, mas os vereadores são o elo mais forte entre a comunidade e o poder executivo, atuando como os agentes políticos mais próximos das pessoas. Essa proximidade nos permite compreender as demandas e necessidades locais de forma mais direta e eficaz. Precisamos eleger vereadores comprometidos com a população, que não aparecem apenas a cada quatro anos, mas que estão presentes e atuantes no dia a dia, prontos para ouvir e lutar pelos interesses da nossa comunidade.


Sobre o prefeito, é essencial reconhecer que ele deve ser não apenas um gestor, mas também um líder político na melhor acepção dessa liderança. É fundamental que o prefeito possua competência e ética, além de deter um profundo conhecimento sobre a cidade que governa. Ele deve ter uma visão de futuro, cuidando não apenas das demandas do presente, mas também se dedicando ao planejamento estratégico que garantirá o desenvolvimento sustentável da comunidade. Essa combinação de habilidades permite que o prefeito atue de maneira eficaz, promovendo um governo que não apenas resolve problemas imediatos, mas que também constrói as bases para um futuro próspero e inclusivo para toda a população.


Por isso, quero fazer um pedido especial a vocês: não votemos por laços afetivos ou familiares, não nos deixemos levar também por promessas eleitoreiras, pelo medo, pela intimidação ou por pressões externas. O voto há de ser um ato de amor, de esperança, de confiança em um futuro melhor. Não votemos por favor ou por personalismos. Votemos todos com o coração aberto, com a certeza de que o que estamos escolhendo é o melhor para Itaguara. Cada voto é uma semente plantada para o futuro que queremos ver florescer. Temos bons candidatos e, com racionalidade, amor e consciência, haveremos de fazer boas escolhas. Amanhã, domingo, estarei mais uma vez em Itaguara para exercer o meu direito de voto, como sempre fiz desde os 16 anos de idade. Nunca deixei de votar, e nunca deixarei, porque acredito profundamente no poder transformador do voto.


Neste domingo, ao votarmos, vamos nos lembrar das palavras do Papa Francisco, que nos ensina que a política é uma forma sublime de caridade. É capaz de elevar os mais vulneráveis, promover a justiça social, a sustentabilidade e garantir que as pessoas tenham uma vida digna, integral e repleta de oportunidades. Que nossa escolha seja feita com responsabilidade, compromisso e o desejo genuíno de construir uma Itaguara mais inclusiva, justa, próspera e sustentável.


Que amanhã seja um dia de paz, de celebração da democracia, de reflexão e de pleno exercício da cidadania. Meu desejo é que cada um de vocês, cada um de nós, façamos essa escolha com sabedoria, com o coração aberto e com todo o amor que sabemos que temos por nossa cidade. A política nunca deve ser o lugar do ódio. O lugar da política é o amor coletivo.

Que Nossa Senhora das Dores abençoe e ilumine nossa Itaguara e que construamos um caminho de esperança e progresso.


Desejo a todas e todos um bom voto amanhã. Que, nestes tempos tão estranhos de virtualidades superficiais, não percamos de vista o caráter transformador e socializador da política.


Com todo o meu afeto e gratidão,


Alisson Diego Batista Moraes

Ex-prefeito (2019-2016), sempre itaguarense desde 1985.

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