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Foto do escritorPor Redação

Entrevista com Alberto Rezende - Bloco I

Atualizado: 7 de fev. de 2023


Alberto Rezende em seu apartamento em 21/01/23. Créditos: Alisson Diego

O Sagarana Notícias inaugura a sua seção de entrevistas com uma conversa inédita com o radialista itaguarense, Alberto Rezende, ícone da comunicação radiofônica de toda a região.


Alberto Gonzaga de Rezende completou 73 anos no final de 2022. Está muito disposto, ativo nas redes sociais e recebeu, com muita gentileza, a equipe do Sagarana Notícias em seu apartamento, no Village Jatobá, em Itaguara. Uma das marcas do radialista é a facilidade com que guarda datas, sem precisar recorrer a quaisquer anotações. Alberto menciona datas pessoais, além de acontecimentos históricos e futebolísticos com absoluta precisão como se verá a seguir.


A entrevista durou cerca de uma hora e será dividida em dois momentos. Hoje, publicamos a primeira parte.


Acompanhe a conversa:


* Onde se lê SN – entenda-se como Sagarana Notícias e AR, Alberto Rezende.


SN: Conte-nos um pouco de sua trajetória profissional.

AR: Nasci em Jeceaba-MG, em novembro de 1949, e cheguei em Itaguara em 4 de agosto de 1961. Meu pai é natural de Resende Costa e a minha mãe de Itaguara. Passei a infância em Jeceaba e a pré-adolescência em Itaguara. Em 07 de julho de 1972, rumei a Belo Vale para trabalhar na Minas Caixa. Depois de um período, fui para o Banco Mercantil e morei em Ponte Nova, Várzea da Palma, Unaí e Congonhas. Então, deixei o banco, quando estava na faixa dos 30 anos e trabalhei na Ferteco Mineração em Congonhas por cerca de 4 anos. Estava com alguns problemas e decidi voltar para Itaguara.


SN: Por que você quis voltar para Itaguara?

AR: Porque nunca consegui viver longe deste lugar. Aqui em Itaguara, até o azul do céu é mais azul. Não troco isso aqui por nada. E a minha relação com Itaguara é de amor e alegria. Voltei para cá e não aceitei trabalhar em nenhum lugar fora daqui. Aqui, desde a década de 1980, trabalhei na venda do Alencar e fiz alguns bicos até me aposentar.


SN: Como começou a sua história com a rádio?

AR: Sou torcedor do Palmeiras, como você pode observar e estou com a camisa do meu time. Em meados de 1959, numa decisão Palmeiras x Santos, eu ouvi esse jogo na Rádio Bandeirantes de São Paulo, com o Pedro Luís (narrador de futebol) e o Mário Moraes (comentarista esportivo). Acompanhei toda aquela emoção e falei comigo mesmo: um dia em minha vida hei de trabalhar em rádio. O tempo passou e como o meu sonho não se havia se realizado, eu já estava me sentindo frustrado e eu posso dizer que até mesmo muito triste - porque se eu não trabalhasse com rádio na minha vida eu não me realizaria. Então, eis que um dia fui levar a minha esposa para fazer uma cirurgia em Belo Horizonte, num fusquinha dirigido pelo Cleiton do Jairo Costa. Ao regressarmos de viagem, o Cleiton parou no açougue e eu desci do carro. O José Eustáquio (Brugnara) me viu e me disse: “Olha, Itaguara agora tem uma rádio (a rádio Conquista)”. Eu fiquei com aquilo na cabeça. Quando eu vejo o Alencar, ele também me disse a mesma coisa: "Você está sabendo que Itaguara agora tem uma rádio?”. Após essas duas falas eu mesmo decidi ir lá para conferir a nova rádio. Chegando lá, o Donizete Coutinho (que fazia a locução naquele momento) fez um sinal com a mão para que eu me sentasse, então eu imediatamente assumi o microfone. Depois, disso nunca mais saí. Esse dia nunca me sairá da cabeça: era 28 de junho de 1996.


SN: Quais foram as suas primeiras palavras naquele momento?

AR: Estava muito tumultuado. O povo invadindo o estúdio e várias pessoas ocupando um espaço pequeno. Então eu peguei o microfone, agradeci e falei sobre a satisfação daquele momento, saudei o povo de Itaguara e me senti realizado. O Toquinho (irmão da Neusa Sorrenti) falou comigo naquele dia: “agora vai dar para você, seu sonho vai ser realizado”. E foi o que aconteceu. Entre algumas interrupções, eu fiquei na rádio desde junho de 1996 até 2019. Foram 23 anos de rádio. Lembro, por exemplo, dos primeiros anúncios que fiz: o primeiro foi para achar um cachorrinho perdido e o segundo foi a nota de falecimento do sogro do “Tico Bequeira”, do Pará dos Vilelas.


SN – Qual foi a sua maior emoção no rádio?

AR – Olha, eu tive emoções fortíssimas, viu! Uma delas foi uma entrevista histórica que fiz com o Padre Mauro Passos, sobre a história da Igreja Católica, o Vaticano, os dogmas... Outra emoção foi entrevistar os jogadores do Atlético-MG num jogo treino contra o Conquistano. Era semana de de um jogo do Atlético contra o Cruzeiro e eu entrevistei o Taffarel e outros jogadores. Outra emoção foi participar da primeira transmissão de um jogo de futebol em Itaguara. Conquistano 3 x 2 Ferroviário de Betim. Transmissão minha e reportagem do Lúcio Natalício e do Donizete Coutinho, além de comentários do Bizite e do Bira. Isso foi por volta de 1998.



SN – Neusa Sorrenti, itaguarense e uma das maiores escritoras do gênero infanto-juvenil de nosso país, autodenomina-se como “professora, escritora e avó”. Como você se denomina?

AR – Sobre ser avó, estou de acordo com a Neusa. Sou avô também, além de amigo dos meus amigos e um itaguarense sonhador. Acho que posso me definir assim.


SN - Com o que você sonha hoje?

AR - Hoje, eu sonho com uma volta ao rádio, se tiver essa oportunidade algum dia. Às vezes, eu penso que não quero isso mais, mas está no meu sangue e eu gosto muito.


SN - Ainda tem espaço para rádio nesta sociedade cada vez mais conectada à internet e às novas mídias?

AR - Na cidade menor, ainda tem espaço para o rádio, sobretudo as rádios comunitárias. Na cidade grande, está difícil. Veja que o sistema Globo de Rádio praticamente acabou. Mas na cidade pequena o ouvinte quer ouvir o nome dele citado, ele quer enviar uma música para o filhinho que faz aniversário. Não sei se teria tanto espaço para comerciais, porque hoje a internet ocupou esse espaço.


SN – Você é ativo nas redes sociais?

AR – Sou muito ativo. Acompanho todas as notícias, principalmente pelo portal UOL, além disso tenho Instagram e WhatsApp. Só não gosto mesmo é do Facebook.


SN – Por que Itaguara não tem uma rádio hoje?

AR – Sinceramente, eu não sei e acho essa pergunta muito oportuna. Cidades menores têm rádio e funcionam muito bem como Crucilândia, Piedade dos Gerais e Piracema. Está faltando uma rádio aqui.


SN – Como você vê a evolução de Itaguara ao longo dos anos?

AR – Acho que a grande evolução de Itaguara começou mesmo com a instalação da CEMIG aqui em 27 de maio de 1964, porque antes a luz era muito precária. Penso que devemos fazer uma também uma ressalva especial a um ex-prefeito que ajudou muito a cidade a evoluir: o Pedro Sávio, que trouxe a primeira indústria para Itaguara. Antes, na verdade, havia a Cooperativa, desde 1952, mas era a única. Mas Sávio, na década de 1970, ajudou a cidade com a vinda da Siderúrgica. Isso precisa ser lembrado.


Esta entrevista continua em uma nova publicação.

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