Nesta semana, um desabafo emocionante de Rosária Libânio, secretária escolar da Escola Estadual Padre Gregório, viralizou nas redes sociais, gerando grande repercussão em Itaguara e região. Rosária, que trabalha na escola há 13 anos e tem 33 anos dedicados à educação, expressou sua profunda tristeza e frustração com o processo de municipalização da escola, iniciado em 2022 como parte do programa estadual "Mãos Dadas". Agora, a escola está chegando a um momento dramático, com o iminente fechamento.
A municipalização, que visava integrar as escolas estaduais ao sistema municipal de ensino, trouxe consigo inúmeras mudanças e desafios. Entre os impactos mais significativos estão a redução de empregos e a necessidade de transferência de alunos para outras instituições, situações que Rosária descreveu em detalhes em seu desabafo.
O texto de Rosária tocou o coração de muitos ao abordar a luta diária contra um sistema que ela considera poderoso e difícil de vencer com apenas lápis e papel. Ela ressaltou a importância de eleger gestores que analisassem profundamente as consequências de projetos que afetam a comunidade escolar e suas famílias.
O SN entrou em contato com Rosária Libânio, que confirmou a autoria do texto e reiterou suas preocupações sobre o futuro da escola e a necessidade de uma gestão mais consciente e participativa.
Rosária também destacou que, apesar de ter havido audiência pública na ocasião, a posição da maioria da comunidade não foi levada em consideração e classifica como “lamentável” o fechamento da escola:
"Perdemos o fluxo da 1ª a 5ª série, estamos perdendo os alunos. Quando os alunos estão na escola, a tendência é ficar na escola, mas agora eles estão saindo, e a Escola Padre Gregório tem perdido alunos rapidamente. Agora realmente estamos caminhando para o fechamento. Seria tão bom que houvesse mais escolas e uma concorrência positiva, em harmonia, mas infelizmente decidiu-se por outro caminho - o fechamento de uma escola. A E. E. Padre Gregório tem excelente infraestrutura e ótimos profissionais, e é lamentável que ocorra este fechamento desta maneira", disse Rosária.
A seguir, a íntegra o desabafo de Rosária Libânio, que tem ecoado fortemente na cidade e levado muitos a refletir sobre o futuro da educação pública em Itaguara.
Desabafo de Rosária Libânio:
Tragédia Anunciada: O Desabafo de uma Educadora Dedicada
Ontem fiz uns dos trabalhos mais tristes para uma secretária de escola, dispensar uns de seus colegas. Colocar no sistema: turma encerrada. O clima de nossa escola estava pesado, era difícil de respirar. Rostos tristes por mais uma batalha perdida. Nos acusam injustamente de falta de motivação para manter e “convencer famílias” a enviar seus filhos para nossa escola. Mas não, essa era uma tragédia anunciada que conheço de longa data com o nome de “Municipalização”, que para nós veio com pseudônimo de “Mãos Dadas”.
Como é difícil vencer um sistema tão poderoso com lápis e papel. A municipalização de uma escola deixa oculto para a comunidade o descrédito e a desvalorização do poder público para com ela. Servidores já tão desvalorizados de tantas formas, no meio de um semestre, veem seus empregos diminuídos e, ainda, a despedida de alunos que não queriam ir embora. Vi uma mãe de um aluno com necessidades especiais dizer em prantos “mais uma porta se fecha para nós”.
Infelizmente não posso deixar de dizer essas palavras. Seria hipocrisia de minha parte não correlacionar o que está acontecendo em nossa escola com a municipalização. Em nossa luta durante o ano de 2022 disse que isso aconteceria. Uma triste profecia. A Escola Padre Gregório é uma escola que é extinta são histórias que são encerradas e vindouras impedidas de existir. Será que justifica uma nova escola acabando com outra?
Uma gestão por mais elogiada que seja essa mancha terá, pelas memórias dos aqui estão e os que já passaram por aqui.
Nossa luta agora é conscientizar o povo para que eleja um gestor que antes de levar projetos como este para a Câmara de Vereadores (que também deve ser renovada), analise a vontade dos seus e as consequências que esses acarretarão para sua cidade e famílias.
Me despeço, depois deste desabafo, dizendo que professor é bicho esquisito, sofremos de todas as formas mas continuamos de “mãos dadas.”
Rosária Libânio - 17/07/24
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