Envolvida pela data especial do “Dia Mundial do Meio Ambiente”, comemorado no dia 5 de junho, gostaria de reforçar um campo que precisa cada vez mais ser discutido e ampliado, para alcance em nossas gerações futuras, que é a Educação Ambiental. Educação que não deve se limitar aos espaços formais de ensino, como nas escolas, mas estar presente nas instituições privadas e públicas, com um olhar mais prático de mudanças de hábitos e comportamentos voltados para a preservação e cuidado com o nosso meio ambiente local e de vivências.
Na contemporaneidade discute-se muito sobre a importância de uma consciência ambiental e de se repensar as práticas cotidianas que ajudem no alcance de melhor qualidade de vida para o ser humano, com posturas ambientalmente corretas e sustentáveis. Contudo, tem-se ainda, de fato, uma visão sobre o Meio Ambiente muito individualista e separatista entre o ambiental, como natureza/natural e a humanidade, antropocêntrico. Como se nós, seres humanos, não fizéssemos parte do conceito de Meio Ambiente e como se esta relação não fosse única, integrada e sistêmica.
A ampliação do conceito de Meio Ambiente está sendo trabalhada para abranger à definição de que o Meio Ambiente, além do meio natural constituído, engloba o ambiente cultural, e seus patrimônio culturais, social e humano, devendo ser vislumbrado nessa perspectiva plural e abrangente. E é onde a contribuição da Educação Ambiental de forma mais difundida e presente no nosso dia a dia, pode potencializar e somar com propostas e projetos na direção de uma vida com mais harmonia e equilíbrio ambiental.
Educação Ambiental é muito mais que sensibilizar para a necessidade de economizar água e energia e contribuir para a coleta seletiva. É claro que estes temas são importantes, mas temos que aprofundar e vislumbrar que sua execução possui regulamentações específicas, desde a Constituição de 1988 e Política Nacional de Educação Ambiental. A Lei 9.795, de 27 de abril de 1999 e o Decreto 4.281, de 25 de junho de 2002 estabeleceram as diretrizes da Política Nacional de Educação Ambiental como “os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”.
Perceber o Meio Ambiente no contexto atual, significa entendê-lo em termos de relações, iniciando a partir das interações entre nós seres humanos com nosso ciclo de convivência, passando pelo entrosamento entre outros grupos humanos e finalmente com o meio onde vivem e todos os elementos que o compõe, incluindo então a natureza.
Resulta desse ponto de vista a necessidade de uma abordagem articulada, multidimensional e transversal para tratar dessas questões, de forma holística e complexa. Essa forma de agir de maneira sistêmica deve colocar cada um em seu posto de ação e para que estas percepções e novos modos de agir, façam parte da sociedade, há de se levar informação, instrução e sensibilizar os cidadãos por meio de processos como a Educação Ambiental.
Nesse sentido há de discutir os grandes problemas ecológicos que afetam o planeta como um todo e as responsabilidades locais, mobilizando e despertando para a situação do meio ambiente do local, para o global, ou seja, da nossa casa, rua, bairro, cidade... e todos os espaços do globo terrestre. Torna-se importante junto à sociedade, levar os diversos atores presentes a conhecer o local onde vivem, identificando suas necessidades, interesses e problemas, bem como capacitá-los para desenvolver ações, criando soluções para esses problemas locais.
A Educação Ambiental surge, neste contexto, como uma das ferramentas, para provocar e promover essas mudanças, por meio de atividades que levem conscientização e participação popular, com envolvimento nas causas de problemas existentes, de modo a subsidiar ações imediatas e futuras que potencializem na prática, as soluções necessárias em determinado espaço geográfico. O processo deve ser partindo sempre do local para o todo, cada um agindo inicialmente no meio onde vive, mas com uma visão global.
Uma extraordinária recomendação, para todos os seguimentos que queiram implantar contribuições para o meio ambiente, sejam escolas, empresas, gestões públicas, é a elaboração de Programas de Educação Ambiental que devem ser utilizados como instrumento norteador do planejamento estratégico de relacionamento com comunidades em qualquer território, e como rica oportunidade de interação social, e, se bem planejadas e executadas, são momentos em que a temática ambiental pode ser bem trabalhada e favorecer a relação sociedade e meio ambiente.
Além disso, a educação ambiental é uma dimensão educativa crítica que possibilita a formação de um sujeito-aluno cidadão, comprometido com a sustentabilidade ambiental, a partir de uma apreensão e compreensão do mundo enquanto complexo. Tal concepção possibilita uma educação voltada para a construção de um sentimento de pertencimento ao mundo e uma compreensão do mundo sistêmico e dinâmico, na qual está implicado o desenvolvimento de uma consciência ecológica, que não só identifica problemas, mas reflete sobre ações não-predatórias, ou seja, alternativas sustentáveis para o ambiente de vida como um todo.
Tais colocações são fundamentais para uma educação ambiental, em vista da construção de uma consciência cidadã individual e coletiva em prol da sustentabilidade do mundo local-global, o que exige do processo educativo ligado a prática do local ao global e do hoje para o futuro! Este contexto, impõe a Educação Ambiental a necessidade de valorizar a dimensão histórico-cultural dos fatores contemporâneos na teia complexa de suas relações, proporcionando mudanças de comportamento das pessoas, individual e socialmente, em vista de sociedades sustentáveis.
O processo se dá pelo diálogo em torno da realidade de vida na construção de alternativas para melhores condições de vida no lugar onde vivem ou trabalham, desenvolvendo, assim, a experiência do potencial emancipatório das temáticas socioambientais. Em tal processo, o educando vai se percebendo como sujeito transformador da realidade, como ser político pela presença no mundo.
Há muito tempo existem preocupações sobre como analisar, solucionar e prevenir os graves problemas ambientais, como a poluição das nossas águas, solo, reciclagem de resíduos sólidos, mudanças climáticas, dentre outros. E essas situações tem impulsionado a ampliação e o aprofundamento das reflexões sobre o papel das dimensões social, política, científica, econômica e cultural na formação da consciência do homem sobre o seu papel na preservação do meio ambiente, para garantir um futuro com condições mínimas para a sobrevivência da espécie.
Assim, a Educação Ambiental é capaz de reorientar nossas formas de relacionamento com a natureza e nossas práticas. Venha fazer parte desta iniciativa!
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Marina Vilaça é mestre em Patrimônio Cultural, Paisagens e Cidadania, especialista em Patrimônio Cultural na Contemporaneidade, bacharel e licenciada em Geografia e Meio Ambiente. Analista ambiental, com experiência em projetos socioambientais, patrimônio cultural e avaliação de impacto. Atualmente é responsável técnica na empresa Culturas Ambientais / Consultoria.culturasambientais@gmail.com / @culturasambientais
Escreve sobre Meio Ambiente e Patrimônio Cultural
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