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Foto do escritorCamilo Lélis

Migrei

Foto: Bigstock.

Olá! Iniciou-se 2024 e não dei as caras por aqui.


O Sagarana Notícias segue a todo vapor, com matérias super interessantes e provocações de várias ordens. Confiram!


No limiar de quase três meses, temos a sensação de que meio ano parece já ter se esvaído no corredor do tempo. Tamanho o volume de acontecimentos municipais, estaduais, federais e mundiais, que nos chegam pelas telas do celular e outras mídias. Migrei é verbo que nos projeta para outro lugar.


Migramos para o celular. "Adeus Remanso, Casa Nova. Santo-Sé. Adeus Pilão Arcado, Sobradinho, adeus." Adeus casa no campo, caverna, oco de bambu. Adeus, para a mesma praça, o mesmo banco, o mesmo jardim. Migrei, migramos, quase impossível nos desconectar.


Não sei o que você pensa, mas essa migração também abandona o olhar. Troca o toque presencial pelas digitais da tela.


Saudade doida de música lenta e dançar a dois. Mas é assim. Parece ser o que é. E não se tem tempo para saudosismos e outros "ismos". Estamos ocupados quase vinte e cinco horas por dia, sendo tragados pelas telas, cada vez mais coloridas, atraentes e frenéticas.


Aceleramos tudo, inclusive a voz dos áudios. E olha que a gente nem faz ligação mais para o outro. As únicas pessoas que parecem querer render conversa na ligação são os vendedores ou cobradores. Escuta ativa, já leu sobre isso? Se fazer presente nas conversas, dando real retorno, além do mecânico, "uhu!". Migramos e parece ser um caminho sem volta.


Estamos dentro, vivendo realidades paralelas, ficcionais e nos damos conta disso quando falta internet ou se a Vivo amanhece morta. Ou mesmo se os aparelhos encontram o vaso do banheiro ou as mãos de um ladrão.


Disciplina. Desde sempre ouvimos essa exigência, mas viciados estamos. Sem receita ou dicas para pausas, talvez o que se espera seja a próxima invenção. A próxima moda. Ou algum voto de misericórdia dos eletrônicos. Pois eles sabem que somos nós que alimentamos tudo isso.


Somos capazes hoje de proferir cosmovisões sobre o planeta, porém impotentes para romper com distâncias e ausências tão sentidas nas relações diárias. Acompanhamos, seguimos, curtimos, compartilhamos, mas...


Um certo vazio permanece. Abraço já não é mais um lugar de repouso. Sem tempo. Necessário reaprender a ler nos olhos. Nas entrelinhas dos movimentos faciais. Nas linguagens do corpo. Nas atitudes que nos fazem flertar com a vida e ser namorado ou namorada dela. Sigam refletindo, fico por aqui divagando.


Obrigado, Sagarana, pelo espaço de troca.

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