Ninguém me contou que nesta grande “festa”, a maioria usa máscaras. Uns para se protegerem, outros para não mostrarem suas verdadeiras faces. Cresci imaginando que todos tinham a cara limpa como eu e cansei de quebrar a minha. Quebro até hoje. Primeiro, que a vida não é um grande “baile de máscaras”, e que as fantasias só estão na cabeça de quem sonha e sonhar nem sempre te leva ao paraíso, mas muitas vezes ao inferno depois de um grande pesadelo.
Lembrei das máscaras, quando li um artigo muito interessante sobre o ciúme e a inveja e nele o autor dizia que o “ciúme é a reação à ameaça de perder algo ou alguém e a inveja é a reação ao desejo de ter, o que o outro tem”.
Ninguém gosta de assumir tais sentimentos e a maioria das pessoas criam máscaras para disfarçarem suas reais personalidades. Todos nós falamos de ciúme e de inveja como se fossem sentimentos distantes do nosso dia a dia, como se só os outros os sentissem. São sentimentos normais e inerentes ao ser humano, desde que não se tornem patológicos e insanos.
Tanto o ciúme doentio quanto a inveja permissiva possuem um objeto de desejo e por conseguinte uma ou várias vítimas potenciais que sofrerão consequências nefastas, como intrigas , inimizades, separações, assassinatos e, em muitos casos, o suicídio como gesto extremo. Muitas vezes a máscara do ciumento ou do invejosopatológico demora a cair, ou cai apenas para avítima ou as vítimas de seus tormentos, depois da “viola em cacos”.
A máscara de bonzinho, de amigo, de confiável, de verdadeiro, demora muitas vezes a cair, mas um dia cai e desnuda a verdadeira face do ciumento e do invejoso.
Este ser que não anda, rasteja. Não fala, murmura. Não te elogia, te bajula. Te olha com o canto dos olhos e fala mal de você para todos. Que se esconde atrás de um véu de cordialidade e de falsidade de “causar inveja” no mais dissimulado dos dissimulados políticos brasileiros da atualidade e que se personifica na doentia inveja de Antônio Salieri, que teria envenenado Amadeus Mozart no século XVIII na corte de Viena na Áustria, descrita no maravilhoso filme-Drama/musical- AMADEUS-1984 (imperdível).
Neste ir e vir de nossas vidas, eu sempre encarei as pessoas com a minha cara, sem máscaras e me deparei com muita gente mascarada. Ninguém me avisou que tinha uma senha. Que a pessoa não consegue te encarar nos olhos, que ela conversa com você sempre olhando em outras direções. Sempre acreditei nas pessoas, porque sempre falei o que sentia e nunca dissimulei. Nunca gostei de enganar ninguém, e nem sabia que o ciúme e a inveja poderiam ser tão danosos a ponto de destruírem vidas ou amizades.
Aprendi também que inveja e ciúmes, apesar de antagônicos são sentimentos egoístas e denotam fraqueza de quem os sente, por isso ninguém admite em sã consciência sentí-los. Se você tem luz própria, alegria de viver, não tem medo da vida, nem de suas escolhas, não tem vergonha de seus sentimentos, é honesto no que diz e no que faz, você poderá ser uma vítima em potencial do ciumento ou do invejoso, porque ele estará sempre escondido atrás de alguma máscara ou de alguém que ele possa fazer de escudo para atingir seus objetivos de ferir e causar sofrimento a quem ele acha que pode roubar seu objeto de desejo, ou quem tem o que ele queria ter.
Não gosto muito de folhetins, nem assisto mais à rede Globo devido à má qualidade de sua programação e à parcialidade vergonhosa de seu jornalismo fraco e tendencioso, mas lembro-me muito bem de uma das últimas novelas a que assisti, a qual me impressionou bastante a psicopatia de uma das protagonistas de A FAVORITA, que me enganou por um bom tempo, como sendo a boazinha Flora , quando, no final era a grande vilã.
A psicopata “Flora” vivida pela excelente atriz Patrícia Pilar, persegue a irmã de “criação” vivida pela não menos brilhante Claudia Raia (Donatella), por quem nutre sentimentos doentios desde a infância de inveja e ciúmes, destruindo sua vida, causando-lhe um verdadeiro inferno.
Vivemos em um mundo em que as pessoas querem ter, sem ser, querem tomar posse do que não é seu, invejamos o trabalho, a capacidade, a inteligência, mas cultivamos a preguiça, premiamos a desonestidade, prendemos inocentes e soltamos culpados, por arrogância, por ciúmes, por inveja, mas principalmente por sordidez.
Busquemos nosso brilho, nossa luz, nossa paz e assim teremos um mundo melhor perto de nós e cada mundinho melhor, faremos um grande mundão com menos inveja e menos ciúmes.
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Maria da Conceição Lima Costa- Professora aposentada da Rede Municipal de Belo Horizonte – Licenciatura Plena em Geografia -UFMG/INCOR- Pós-Graduação em Educação Ambiental pela Faculdade Rio Branco- SP e Política e Sociedade – Faculdade São Luís- Curitiba-PR.
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