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Patrimônio Cultural

Foto do escritor: Camilo LélisCamilo Lélis
Igreja de São Francisco de Assis, conhecida como a “igreja de ouro”, no Centro Histórico de Salvador, que desabou no início do mês.
Igreja de São Francisco de Assis, conhecida como a “igreja de ouro”, no Centro Histórico de Salvador, que desabou no início do mês.

Saudações, leitoras e leitores do Sagarana Notícias!


Como têm passado?


Aproveito para agradecer os elogios que tenho recebido pelos escritos aqui nesta coluna.


Que bom saber que a reflexão tem acontecido através dessas divagações que ouso compartilhar.

Muito obrigado! Escrever me liberta de muitas “trancas”. (Rsrs). Tentem fazê-lo, é uma ótima terapia!


Bom, perguntei como vocês têm passado, porque, hoje em dia, poucas peças de roupa precisam ser passadas, correto?


Eu mesmo não passo nenhuma. Passo a mão, dobro e tá valendo.


E vocês, têm passado? Com ferro ou a vapor?


Brincadeiras à parte, falando em passado, introduzo aqui uma questão: a sabedoria popular nos ensina que “o seguro morreu de velho”.

Ou seja, com sabedoria, toma-se precauções para evitar surpresas desagradáveis. Concordo.


Mas já repararam que há um ciclo de erros se repetindo? Não se aprende com eles, não se aprende com as experiências.


Falando em sabedoria, ainda existem sábios e sábias? Ou é impressão minha, ou podemos afirmar que, na contemporaneidade, não há mais sábios?


Sabidos, sim, há muitos. Elon Musk, Zuckerberg…


Mas não falo de esperteza, oportunismo e aves de rapina. Refiro-me às corujas, cuja vivência com a natureza consolida conhecimento e dita pensamentos que norteiam o caminhar de um povo.

É como um “rezo”, uma bênção, um saber raiz…


Nos apartamos da natureza. Nosso mundo é high-tech, algoritmos produzindo “nações zumbis”.


Pensem: só essas dúzias de letras que escrevi já nos fazem refletir tonéis! (Expressão que um amigo usa quando quer dobrar, triplicar a quantidade ou o volume das coisas.)


Voltemos, sem medo, ao passado. Ele sugere memória, patrimônio, inventariar, registrar, contemplar e entender de onde viemos.


E você, conhece seu percurso ou apagou os rastros? Vestígios, marcas no tempo… Até as rugas tentam apagar!


O antigo pede socorro.


Recentemente, o teto da “igreja de ouro” caiu.


Sim, tetos caem. De vidro, então, nem me fale.


Não importa o padroeiro ou a padroeira: se não cuidou, cai o teto.


Não há fé que segure um teto quando a negligência humana se faz presente.


O vento ventou, a chuva choveu, tromba-d’água de “tonéis” desceu… E vai muita coisa pro ralo da insensibilidade.


Tetos muitas vezes são levados pela lama. Como em Mariana, Brumadinho…


No dia 5 de fevereiro, foi a vez do teto da Igreja de São Francisco de Assis, em Salvador, na antiga Bahia, vir abaixo.


Infelizmente, uma jovem veio a falecer. Fatalidade? Omissão? Para a vida perdida, não há restituição que amenize, que reviva a alma que se foi.


Foi-se para nunca mais. Um patrimônio de alguém. Um bem incalculável que, com certeza, deixou um vazio no coração de outra pessoa.


Essas reflexões tocam no apagamento e no desrespeito à memória, ao saber, à sabedoria. Quais são os marcos da sua cidade?


Onde está a casa, a rua, o muro, a árvore, a máquina, a foto do seu antepassado? Preservem.


Que cidade nova você está construindo? Que fachada nova está desejando?


A novidade vem com seu filho? Seu neto? Beleza. Mas a vida nova não precisa saber da vida velha, é isso?


É sobre continuidade, entendi. Mas continuar do zero ou da ancestralidade?


Por causa da existência deles, você deve destruir os vestígios seus? Dos seus avós? Dos bisavós?


Descaracterização. Apagamento.


Estamos negligenciando a existência dos “velhos”, dos patrimônios, das “joias”, do passado.


Perdemos em afeto para ganhar novas linhas e contornos… Num vazio que fica quando a alma já não mais habita o corpo — nem o espaço.


Sigam refletindo. Ainda estou aqui, divagando.


12/02/25

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