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Foto do escritorCamilo Lélis

Poética do Abismo


Imagem criada usando DALL-E


Propenso, penso no tropeço...

Mas não me abstenho do sonho.

Parcos princípios há em valorar a caminhada.


Diagnósticos falam em guerrilha e caos. Tenso, penso.


Máquinas mortíferas e cifras bilionárias.


O patrimônio nem é mais o fim, o que se almeja é poder.

Controle, manipulação, o sadismo é "o que te dá asas".


Se o "Uaití não é aqui", Babel já se faz, instaurada, cravada.


Ciência e razão não dão conta do estribilho.


Refrões de antes replicam a saga do opressor, que na falta dos aviões de guerra, usam os drones para massacrar civis.


Massacram também com veneno, pulverizando latifúndios.

Safra envenenada para o prato de quem já vive adoecido. "Soja pra que te quero?"


Corrói o ácido que se planta na terra, que chora por socorro.


Mercúrio danoso, escorrendo em rios. Garimpos que pervertem sentidos, mas almejam a cotação do dólar ou euro.


Bolsa de Valores, nosso banco é central. Quem dá mais?


Vozes silenciadas, aldeias na mira.

Propenso.

Tenso.

Penso no tropeço.

Mas não me abstenho do sonho.


"Fácil, extremamente fácil" é exterminar.

Distantes do amor (atraso de vida), a regra é corromper-se.


Moldando o filho, garante-se a descendência. O filho reproduz o pai.


Ilusão desletrada, ou mentes criminosas? Negam-se a paz e os instantes de felicidade.


Recusam-se diversidades e abominam os para sempre marginalizados.


Ilhas pipocam sem água, no perímetro urbano.


Autônomo, átomo que rege a cadeia produtiva. Indivíduo, individual.


Há como se esquivar?

Rotas de fuga parecem inexistir.

Colisão anunciada.


Ainda dá tempo, se o peito aceita o respeito.


Entre humanos, mas não só...


Krenak nos diz: "para com coisas vivas". E tudo vive e pulsa.


Vivo aqui, vivo em dimensões outras. Vivo nos antepassados, na sabedoria popular. Na pedra que sempre esteve e sempre estará no meio do caminho e na poesia.

Que nos salva, mesmo quando os versos traçam tragédias.


Não há super-heróis e o mítico Jesus parece estar bem envergonhado de suas crias, não parece querer voltar.


O milagre é todo seu, se tiver coragem de produzi-lo.


Siga refletindo, eu sigo divagando.


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