Na última sessão da Câmara de Itaguara, ocorrida na noite desta terça-feira (28/05), os debates esquentaram mais uma vez em torno dos controversos aumentos salariais para agentes políticos do município.
Os pré-candidatos a prefeito, Geraldo Gonçalves Filho (Dinho) do PSB e Rodrigo Geraldo Marques do PT, fizeram uso da tribuna e se pocionaram contra os aumentos. Geraldo, Dinho, destacou a incoerência de aprovar tais reajustes em um momento de dificuldades econômicas, destacando que Itaguara vive de repasses federais, sobretudo o FPM e que o município não quase não gera recursos próprios.
Segundo Dinho, é importante que a população de Itaguara se manifeste neste momento, enfatizando que o projeto de lei de aumento dos políticos precisa ser acompanhado de um questionamento: "Se existem índices oficiais no país, como o IPCA e o INPC, os políticos não podem ter aumentos sem critérios! Temos de usar algo justo", afirmou em sua manifestação. Ele também destacou que, ao comparar as receitas dos municípios vizinhos, o salário em Itaguara está destoante.
Rodrigo Marques também foi incisivo, qualificando como "absurdo" o fato de a cidade gastar mais de R$ 300 mil em apenas um show e destinar apenas R$ 60 por mês para cada estudante universitário. Lembrando que é professor e diretor do Sind-UTE, ele ressaltou que um monitor escolar ganha menos que um salário mínimo, afirmando que a educação não é uma prioridade do município.
Marques destacou que há diversas outras profissões desvalorizadas em Itaguara, como garis e profissionais de saúde. Ele conclamou a classe política a rever suas prioridades. "Itaguara é boa para quem? Para a educação parece que não é", enfatizou. "Qual a mensagem que o poder público municipal está passando para a população?", indagou o pré-candidato a prefeito pelo PT, dizendo ainda que "a desigualdade e a disparidade salarial no município precisam ser combatidas".
"Também me preocupa muito a desvalorização que a APAE de Itaguara está sofrendo. A subvenção anual da APAE é de apenas R$ 127 mil. Tudo isso me preocupa muito. São shows de R$ 300 mil, salários de servidores de mais de R$ 30 mil, de acordo com o Portal da Transparência", criticou Marques.
Parabenizando o presidente da Câmara pelo recuo nos aumentos dos salários de prefeito e vice, Rodrigo Marques ressaltou que isso não basta e que a população não aceita disparidades salariais, enfatizando a necessidade de reavaliar também os salários dos secretários e vereadores. Em uma crítica direta à atual gestão do município, ele encerrou a sua participação dizendo que "os problemas de Itaguara não serão resolvidos com tapinhas nas costas ou emenda parlamentar. O que está faltando é coerência política", disse.
Os projetos
Os Projetos de Resolução Nº 23 e de Lei Nº 03 foram apresentados no mês de abril pelos vereadores José Hilton, Antônio Francisco (Bichinho) e Carlos Chaves (Carlão) e resultariam em aumentos significativos nos salários dos futuros representantes municipais. O Projeto de Resolução Nº 23 fixava os subsídios dos futuros vereadores em R$ 6.800,00, um aumento de 50,5% em relação ao atual salário de R$ 4.517,13. Já o Projeto de Lei Nº 03 previa os reajustes dos salários do prefeito, vice-prefeito e secretários em R$ 25.000, R$ 12.000 e R$ 10.000, respectivamente.
Presidente pede vista e vereador Cassinho recua
O presidente do legislativo itaguarense José Hilton informou que pediu vistas do projeto, o que significa que o mesmo será encaminhado para as comissões da Casa para uma nova discussão. Ele também disse que está propondo uma emenda que fixará o salário do prefeito em R$ 20 mil e do vice-prefeito em R$ 6.800,00, além de retirar a proposta de criação do décimo terceiro salário para os vereadores.
Outro ponto relevante da sessão foi a manifestação do vereador Cássio Fernando Batista, conhecido como "Cassinho da Dora", que declarou seu arrependimento em ter votado favoravelmente aos reajustes. Cassinho afirmou que, após ouvir a opinião popular, decidiu se posicionar agora contra os aumentos. "O povo foi contra e é preciso respeitar a vontade do povo", afirmou o vereador.
Próximos Passos
Com a devolução do projeto às comissões, espera-se um debate mais aprofundado e a consideração das emendas propostas. A decisão final ainda está em aberto, mas o sentimento geral na Câmara indica que os reajustes salariais ainda podem enfrentar forte resistência, especialmente diante da pressão popular e das críticas dos pré-candidatos.
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