Fala primo! Tudo às mil maravilhas, Comadre?
Passados exatos onze dias da realização das Eleições de 2024, no que tange o Primeiro Turno, como anda sua cabeça? Sua consciência? E seu estômago?
Fato é que, tanto para quem ganhou quanto para quem perdeu, deve estar rolando uma ressaca brava. Afinal, quem trabalhou sabe o quanto de preparação física e mental é preciso para dar conta dessa maratona à caça dos votos do eleitorado.
Eu disse “caça ao voto” porque é o que mais importa, certo? Preocupação com o eleitor mesmo, fica em segundo plano. (risos)
Muitos encaram como “um mal necessário” – arregaçar as mangas, se vestir de pobre, se fazer de simpático e ir conquistar os votos.
Sem falar que tem que comer o tal pastel, tirar foto com pessoas negras, ou mesmo com pessoas da comunidade LGBT+. A velha história de sempre.
Não esqueçamos que também tem que se mostrar fiel a Deus, a Jesus Cristo, tem que saber dizer que é filho de algum orixá, e circular pelos diversos templos e terreiros sagrados para, no fim, entre quatro paredes, dizer para si mesmo – “Eu sou é ateu.”
Difícil essa história de bota máscara, tira máscara, bota máscara…
E aí no seu município, tudo certinho? Nenhum processo à vista? Quem sabe a prazo?
Rapaz, dia desses quase caí da cadeira! Um conhecido me disse que na cidade tal, na campanha de fulano, gastaram-se milhões para ele conseguir ser eleito, viu! Ou melhor, milhões para convencer a população de que o tal candidato era a melhor opção. E assim o cidadão votou. E o derrotado? Gastaram-se o dobro para tentar a reeleição.
Coisas que a gente não fica sabendo. Coisas impublicáveis, né? De onde vem o dinheiro? Recentemente escutei essa expressão que casa direitinho com o que estou falando – “político é fantoche para os grandes interesses econômicos.”
Entendeu? Com todo respeito aos políticos, mas a galera investe pesado na eleição de seus candidatos. Articulações políticas, “maracutaias”. E vamos de marketing! Quem está feliz mesmo são as empresas de marketing; nessa época eles faturam alto, né? E se conseguem eleger o candidato, aí é correr para o abraço – é continuação do trabalho na certa!
Bom, se a gente for avaliar essa questão de ganhar ou perder, isso é bem relativo, certo? Participar do processo democrático, estar como opção dentro de um pleito eleitoral, tudo isso deveria ser encarado como ganho. São cidadãos preocupados com o desenvolvimento do município que estão ali, se colocando como atores, protagonistas da transformação, certo? “Menos, amado mestre!” Bem, menos.
Teve candidato que não apareceu nem pra votar em si mesmo, viu lá? Ficou no zero votos. Teve votos audaciosos, bem direcionados, votando de cara na legenda, e também muitas abstenções. Teve eleitor definitivamente desiludido que não apostou em ninguém.
Em São Paulo, aconteceu um lance curioso: Lula foi apoiar Boulos. Muitos que estavam com o atual presidente votaram no candidato Boulos, no primeiro turno. Só que votaram no 13 e o número do Boulos era 50. Boulos poderia ter ganhado no primeiro turno, mas tais votos foram anulados, com razão.
Dando um giro pelas redes sociais, passando pelos noticiários da imprensa brasileira, é possível imaginar que muita gente deve ter ficado com raiva e preocupada com os resultados, prognósticos e avaliações. O que contribuiu, também, com a ressaca. Ouso dizer que quase metade da população brasileira. E em determinadas regiões, como no Sul do país, essa especulação pode até ser bem maior.
O motivo é que essas eleições tiveram resultados expressivos no Brasil quanto à eleição de indígenas, negros, mulheres e candidatos ligados à comunidade GLBT+. Sem falar que o MST também teve candidatos eleitos, inclusive na Câmara de Vereadores de Belo Horizonte.
Sabemos que vivemos num país racista, homofóbico, que mata mulheres, indígenas, ambientalistas, certo? Daí essa especulação. As estatísticas estão aí, esse é um quadro triste da realidade brasileira.
Mas vamos às comemorações, gente! Pois existe um outro Brasil que felicita, aplaude, agiganta com tais feitos. Outra metade do Brasil, e em algumas regiões até mais, que está vibrando com as novas caras, novas identidades, corpos, cores e posturas dos novos parlamentares brasileiros. Parabéns!
Vitória do direito. Vitória da coragem. Vitória da cultura, pois somos a diversidade. E insisto nesse bordão – a diversidade cultural do Brasil é o seu maior patrimônio. A riqueza do território é o seu povo, ou deveria ser. É para ele que são voltadas todas as políticas públicas. Ou deveria ser.
Bom, mesmo ressacados, façamos nossos balanços! Nossa República é ainda muito jovem, e nós, brasileiros, eleitores, totalmente responsáveis pelas escolhas que fazemos, estamos ainda engatinhando. Tentando separar o “joio do trigo”. Tentando não ser enganados pelas raposas. Ou mesmo pelas bicadas dos galos!
O que se espera é o clássico – que a honestidade entre em campo. Que os eleitos entendam que quem paga seus salários somos nós, o povo. Aqueles que pagam os impostos. Aqueles que financiam a máquina pública. Pois não estamos falando de gestão de empresas privadas. Por isso pedimos mais respeito com ela! A Máquina Pública.
Aguardemos os próximos capítulos dessa novela chamada Brasil.
Sigam refletindo, eu sigo divagando!
Camilo Lélis
Em Crucilândia foi uma tristeza no que tange os dois candidatos mais votados. Por uma diferença de 62 votos, uma moça desconhecida e submissa, com um vice que não passa de uma companhia para um bom jogo de porrinha no boteco tomando uma cachaça, ganharam a eleição, apoiados pelo atual prefeito. Tal prefeito coleciona processos graves por improbidade administrativa dentre outros crimes, aguardando julgamento e demais diligências.
Por vez, o segundo colocado com seu vice, dois farmacêuticos que sequer fiscalizaram a atual gestão, com ambição particular em salários e suprir necessidades de dinheiro, abandonaram a vereança e soltaram as rédeas do atual prefeito. Lançaram candidatura em chapa única, puro sangue de um partido neoliberal que quer privatizar tudo, destruir direitos…