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Mestre Vladimir era chamado de "o poeta da Revolução", foi também dramaturgo, editor, cartazista - alavancou e iniciou uma nova poesia e arte na Rússia, mãe talvez da maior literatura do planeta.
Nasceu em 19 de julho de 1893, em Baghdati, Geórgia, Rússia.
Vladimir Mayakovsky (Влади́мир Влади́мирович Маяко́вский) viveu a revolução bolchevique de 1917 e foi um motor da criatividade artística.
Ele iniciou um novo modo de fazer arte, vinculado ao futuro da sociedade russa e mundial.
Nessa época, os círculos literários, as tertúlias, eram comuns nos acomodados museus e nos cafés.
Mayakovsky abandonou esses círculos para ir às ruas e fábricas dos centros urbanos da Rússia Soviética construindo uma nova poesia.
Dizia: Devemos ir aonde o povo está (Milton Nascimento usou esse tema).
Conta-se que Mayakovsky dormia no assoalho do telégrafo de Moscou, de modo a estar de prontidão para elaborar cartazes e outras mídias que ajudassem a desenvolver os movimentos políticos. Não queria perder o timing; queria estar do lado.
Trotsky dizia que em Mayakovsky existiam um gênio, um revolucionário e um poeta - três motores.
Era um homem que rejeitou as velhas formas do fazer poético, tendo sido ao mesmo tempo sujeito e vítima das transformações sociais.
Após a revolução de outubro de 1917, animou-se e foi muito ativo. Então escreveu: “Ode a revolução” e “Marcha de esquerda”, poemas geniais.
Sua característica foi a mesma que nos dias atuais nos aflige: o inconformismo diante do cotidiano e do capitalismo.
Vejamos:
“Manchei o mapa quotidiano
jogando-lhe a tinta de um frasco
e mostrei oblíquas num prato as maçãs do rosto do oceano.
Nas escamas de um peixe de estanho,
li lábios novos chamando.
E você? Poderia
algum dia
por seu turno tocar um noturno
louco na flauta dos esgotos?”
Roman Jacobson interpretou que o suicídio de Mayakovsky já estava posto desde o início de sua poesia. Segundo o linguista, o poeta preferiu o silêncio a ser um mero vendedor de versos.
Com a morte de Lênin, Stalin assume o poder e estabeleceu uma série de regras e normas para a produção artística.
Assim como o teórico Bakhtin e outros censurados e acusados de produzir obras subjetivas, Mayakovsky era chamado pelos burocratas stalinistas de “incompreensível”, pois seus poemas não seguiam as diretrizes oficiais. Ou seja, a liberdade poética tanto sonhada pelos artistas com o advento da revolução foi substituída por manuais burocráticos do realismo socialista.
Mayakovsky preferiu o silêncio a se entregar à censura oficial.
Escolheu deixar a vida em 14 de abril de 1930, aos 36 anos.
Este “lutador de palavras”, como definiu Trotsky, deixou-nos um legado que se tornou a semente de um novo futuro, uma poesia a plenos pulmões.
Abaixo, o bilhete de suicídio de Mayakovsky:
“A todos
De minha morte não acusem ninguém, por favor, não façam fofocas. O defunto odiava isso.
Mãe, irmãs e companheiros, me desculpem, este não é o melhor método (não recomendo a ninguém) mas não tenho saída.
Lilia, ame-me.
Ao governo: minha família são Lilia, Brik, minha mãe, minhas irmãs e Verônica Vitoldovna Polonskaia.
Caso torne a vida delas suportável, obrigado.
Os poemas inacabados entreguem aos Birk, eles saberão o que fazer.
Como dizem: caso encerrado, o barco do amor partiu-se na rotina. Acertei as contas com a vida inútil a lista de dores, desgraças e magoas mútuas.
Felicidade para quem fica.
Vladimir Maiakovski".
Seu depoimento de vida e de morte é cruel porque grita a verdade que sacode nossa consciência.
Outras frases dele:
"Eu não forneço nenhuma regra para que uma pessoa se torne poeta e escreva versos. E, em geral, tais regras não existem. Chama-se poeta justamente o homem que cria estas regras poéticas.“
"Brilhar para sempre, brilhar como um farol, brilhar com brilho eterno, gente é para brilhar,” (Caetano Veloso usou esse verso)
E que tudo mais vá para o inferno, (Roberto Carlos usou esse verso)
Não sei bem como sabia sobre o nosso país, mas uma vez disse:
“Dizem que em algum lugar, parece que no Brasil, existe um homem feliz.“ (Darci Ribeiro, nosso grande defensor de nossa Educação também falou isso)
Mais algumas frases:
"O século 30 vencerá! Ressuscita-me para que ninguém mais tenha que sacrificar-se por uma casa, um buraco. Ressuscita-me para que o Pai seja ao menos o Universo e a Mãe, no mínimo a Terra."
"Você não pode deixar ninguém invadir o seu jardim para não correr o risco de ter a casa arrombada."
Esse tema também influenciou poetas recentes como Eduardo A. Costa:
“Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho e nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.”
Vladimir é uma fonte inesgotável de inspiração para todos nós.
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